sábado, 3 de outubro de 2009

Borboletas da complexidade

O caos abunda no Universo. Não no sentido de “desordem completa”: a famosa “teoria do caos” refere-se a processos cujo desenrolar pode ser alterado drasticamente por influências mínimas (é o conhecido “efeito borboleta”). Ora, em geral, imaginamos que efeitos sejam mais ou menos proporcionais às suas causas: se uma grande pedra rola de um barranco e no meio do caminho esbarra em um mísero cascalho, a alteração de sua trajetória será minúscula. Mas... há casos bem diferentes.

Um exemplo. Entre Marte e Júpiter há inúmeros asteróides, fragmentos do que pode ter sido um planeta que nunca chegou a ser formado, por causa da perturbação gravitacional do gigantesco Júpiter. Ora, sabemos calcular a órbita dos planetas com precisão e podemos dizer onde estarão daqui a séculos – para isso, basta determinar com bastante precisão onde eles estão agora, e aí usar as equações conhecidas.

Mas, com alguns asteróides, isso não é possível. O motivo é que a influência gravitacional de Júpiter pode causar instabilidade nas suas órbitas, de modo que elas ficam muito sensíveis a influências mínimas. A menor perturbação, mesmo que invisível para qualquer medida, altera completamente a forma da órbita em poucos meses. Suas trajetórias são virtualmente imprevisíveis – mesmo que as equações que as descrevam sejam totalmente determinísticas!

Esse comportamento pode ser encontrado em inúmeras situações. Na evolução das espécies biológicas, em engarrafamentos de trânsito, no clima, no escoamento da água pela torneira, nas cotações das bolsas de valores etc... em qualquer sistema suficientemente complexo (o que faz pensar: o que há de mais complexo que uma sociedade humana?). O mundo é regido pela ordem, mas também pelo caos.

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